quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Parece festa, mas não é


Um carrossel de pôneis

Montanha russa de unicórnios

Arco-íris, por do sol cor lilás

A certeza de que podemos muito mais.

 

Uma ciranda na beira do mar

Uma balada ouvida pelo ar

Espumas de ondas a quebrar

Lugares que a serra entra no mar.

 

Há cidades ribeirinhas, palafitas

O calo aperta, mas o povo não grita

Até a reconstrução do eu na identidade

“Fazer com” incluir-se na sociedade.

 

Observo os tamanhos das cidades

A partir da ótica do nosso cotidiano

A mente pode ser maior e tão liberta

Quando matamos os fantasmas que criamos.

 

É o momento no qual nos libertamos

E passamos a ver a nítida realidade

Sem acreditar em insinuações funestas

Sem acreditar que tudo isso é uma festa.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 16122021)

Retrato do retrato

 


Educação formal ou informativa

a razão total, liberal e subjetiva

as normas cultas então vigentes

os hospitais com seus pacientes.

 

Antes de estar doente, profilático

não vai esperar um sorumbático

cliente sadio ou morto sem lucro

ir direto para o fundo do sepulcro.

 

No parque de diversões americano

na colonização do nosso cotidiano

na aresta mal aparada da relação

aperto de cinema bem no coração.

 

Qual o filme que estamos vivendo?

em qual galáxia estamos girando?

interessa-me o que estou fazendo

o que faço e o que ando plantando.

 

Principalmente, se ficas tão calado,

é um sinal de que algo anda errado

e que se muito falas, dá estranheza

não importa o bom teor ou a beleza.

 

Nobreza de pessoas está no amor

a riqueza delas é o não sentir dor

com todo direito que se é garantido

boas intenções não têm um partido.

 

 (Cristiano Jerônimo – 16122021)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Meu avô desconhecia...


Coruja aberta nas asas da borboleta

Ferida fechada em área difícil acesso

Telegramas fonados e o intrigante 142

Vagarosamente correm os processos.

 

Artérias de asfalto não trazem sangue

Do que o homem é capaz é duvidoso

Motosserras na floresta e muito fogo

Uns cuidam para que não se enganem.

 

Ver o futuro para o outro é uma opção

Ou não é, e simplesmente é, esta vida

De detalhes tão nobres feitos de cobre

Miséria pouca e na cabeça a bobagem.

 

Que retroalimenta os dias dos jovens

Os guiam, teleguiam sua localização

Roubando a infância tenebrosamente

Diminuindo contato, o amor no coração.

 

Coisas que meu avô jamais aceitaria;

Sequer se daria ao trabalho de saber

Que nós vivemos numa gaiolocracia

Dependentes da esmola do governo

Coisas que o meu avô não conhecia.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 15122021)

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Jardins botânicos


Eu prefiro um jardim de parque

Ou um banco de praça simples

Algo assim, que me faça índio

Num lugar mais puro e lindo

Para a gente ficar e namorar.

 

Eu existia na sua adolescência

Com a mesma idade e o país;

Oriundos de cidades distantes

Encontramo-nos frente a frente

Para pensar o futuro e o presente.

 

Não me enchem os olhos avenidas

Eu curto muito mais um bosquinho

Passei parte da vida pelo laguinho

Com baobás e plantas tão bonitas.

 

Dos ipês de Taubaté, teu GPS

As tuas coordenadas entre si

Tudo o que eu sonho para ti

E tantas coisas que mereces,

Esfria a cabeça e faz uma prece.

 

No outro dia, todo dia amanhece

Vamos dormir coladinhos no céu

Assim, é que as coisas acontecem

De onde sempre tem o nosso mel

Sendo tão saciáveis que ascendem.

 

  

(Cristiano Jerônimo – 14122021)

Algum paradoxo

Só sonha quem tem fé Só chega quando anda Olhar só da varanda Não gasta a sola do pé Ser sempre muito forte Não contar com a sor...