segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Não era o fim do mundo...

Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco


(Temporal da manhã da segunda-feira, 28.01)

Trovões, relâmpagos e muita água tomam conta agora da cidade do Recife e toda a sua região metropolitana. Precipitação quase incrível, a não ser pelos clarões da manhã fria e escura, com a água lavando tudo e renovando as energias das águas paradas que ela mesma ensina.

Os córregos da cidade aterrada, castigada pela falta de opção para as águas da chuva e do mar possam adentrar nos seus manguezais e elevar o nível das águas do continente. Saindo pelos ralos, de baixo pra cima. Manguezais que nem existem mais. No máximo, 15%. A Mata Atlântica, 4%. A Mata de Dois Irmãos, da Reserva de Dois Irmãos, está sendo ocupada desordenadamente pela falta de sérias políticas habitacionais no Brasil, que foquem nos bolsões de maiores vulnerabilidades sociais.

Eu fico imaginando o que estão fazendo nessa chuva aqueles que estão morando na rua, nos morros também. Nas barreiras. Das partes baixas da cidade que já vive abaixo do nível do mar. Já os transtornos dos automóveis, são diários e quase todos sobrevivem. Como pintos molhados, voam. E os estrondos são cada vez maiores. Cheguei a ver anjos e trombetas num trovão ensurdecedor. Quando vi o maior relâmpago, decidi: “Estou pronto. Pode me levar!”. O temporal passou e eu não morri.

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Cabelo

  (Cristiano Jerômimo - 30042024)