quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Narrativas do cotidiano (III)


Homem sóbrio e boa gente

Francisco usava sua mente

Atrás da chave da liberdade,

Preso às rédeas da cidade.

 

Nasceu pobre e quis estudar

Achava que não ia realizar

Aquele sonho que era direito;

Na sala de aula, preconceito.

 

Foi mais chocante no começo

Já que “Narciso acha (tão) feio

O que não é espelho”, pensou:

Quero similitude e ter um meio.

 

Buscou muito as universidades

Não queria ser tal o pai agricultor

Iniciou num emprego de cobrador

Circulava sentado pelas cidades.

 

Passava o troco como um robô

Seria trocado pelo elo eletrônico

Cartões pagariam e receberiam

O problema se tornaria crônico.

 

Foi promovido a ser supervisor

O tempo todo era pressionado

A fazer determinadas coisas

Que atingiam seu próprio lado.

 

Cobrava tudo dos encarregados

Traços de “ter pertencido” àquilo

Os tempos estavam mudados,

Nem sempre dormia tranquilo.

 

De supervisor geral de cobrador

Passou a ser um desempregado

Viu que o poder muda e traz dor

E esse caminho não é facilitado.

 

Aos 70 se aposentou e quebrou

O salário mínimo é muito menor

O cobrador saudava o dinheiro

Que arrecadava para o maior.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 08122021 – Taubaté – SP)

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