domingo, 5 de dezembro de 2021

A cobra e o passarinho


Cada vez que suprimimos o abstrato

perdemos mais nossa ancestralidade

O ter concreto enxertado nos fatos

Apresenta sua nova modernidade.

 

O sabor e o dissabor nas entrelinhas

De um azul parecido com céu aceso

E escuras nuvens geladas e sozinhas

No real, no espaço livre vive preso.

 

Nem sei como as ciganas sabem dançar

Como elas passeiam no vento do mundo

Levando as verdades que têm pra contar

Desde o mais raso, até o mais profundo.

 

A cobra usa o inseto para atrair o pássaro

Para devorá-lo porque tem que sobreviver

Igrejas cobram dízimos e oferecem salmos

Sendo o mais importante o que a gente crê.

 

O que a gente cria e acredita, a vida é santa

Olhem para os corações destas crianças

Com a revolução, nem mesmo se espantam

São de maracatus e brinquedos suas lanças.

 

Os seres humanos em natura desencantam

Os espíritos vivem e, na verdade, são vocês

No estado mais sutil das religiosas danças

Não dá mais para crer que são apenas três.

 

 

 (Cristiano Jerônimo – 05122021)

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