segunda-feira, 4 de junho de 2018

Não mais era (E já era...)


(Aroldo Carvalho - PB)



Ela estava triste e ficou muito ‘feliz’.
Tudo começou com a Fluoxetina,
A do milagre, felicidade, no Brasil.
Prozac! Com só um pouco de purpurina
E o cloxazolam, diazepan e Rivotril.
O Diempax, Neozine e mais Ritalina.
Um pouco de uísque e cocaína
E está decretado o projeto de morte.

(Coquetel de vida... Coquetel da sorte...)

A venlafaxina vem fazer sua ‘limpeza’
Com alprazolan para manter a calma
Com omeprazol no estômago, beleza.
Chega paroxetina para debelar o fogo.

Nada debela o fogo daquela menina
Que não virou mulher com a cocaína
Deste todo, o abuso tão precoce;
Chupando balas e lambendo doces
Numa rave desvairada e distante
Um Woodstock sem ideiais e morno
Que não! De tão frio parecia morto.
E já era.

(Coquetel de vida... Coquetel da sorte...)

O mais feliz é a própria dopamina,
Comer e andar para a serotonina
Malhar para ficar sempre legal.
De bem com a vida e sereno...
Continuar vendo os venenos
Que escorrem no cotidiano
A boca dos hipócritas falando
E a gente equilibrado respeitando
Tolerantemente.

Até os

Antagonistas opiáceos
Dependentes de opiáceos
Abstinência de opiáceos
Opiácios agora saem pelos canos.
E não entram mais.


Aroldo Carvalho – Poeta e engenheiro pernambucano.

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