sexta-feira, 17 de março de 2023

O caminho do meio


Ainda mais está no posto

Bebendo gasolina com gosto

Etanol para se embriagar

Na sarjeta suja do esgoto

A criatura rasga-mortalha

Indefesa e sem muralha

Feita para subserviência

Apenas não tem sonhos

Nada a ela faz sentido

Até que seja o primeiro,

Segundo ou terceiro

Tudo isso pouco importa

Criatura sem uma porta

Num sistema sem janelas

Uma nau sem timoneiro

Um pastor para enganá-lo

E sem querer despertá-lo

Para a capacidade da vida

Instinto de sobrevivência

E encarnação compulsória

Para outro degrau daqui

Fala-se em outro patamar

Que está no ato de amar

De colocar o amor à frente

Numa deixar o amor atrás

Não deixá-lo para trás

Conseguir sementes

Para viver o semear

E receber a colheita

E chamar o maltrapilho

para, juntos, comemorarmos

Dei-lhe pão e tem trabalho

Foi vestir e calçar decente

Entender-se como gente

Não se subordinar assim

A todos, o que merecemos

Com muito amor e respeito

Um alívio constante no peito

Faz a alma ficar leve e flutuar.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 17032023)

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