quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Ferida maldita



Aos algozes da mata, às gerações ingratas

 

Nenhum raio lhe atingiu

Só o sabor do vinho tinto

O gás propulsor do vinil

O óleo que cobriu o abril

Seis animais estão extintos

Grudou piche de petróleo

Nas exóticas tartarugas

Que vão e vêm de África

Pelo mesmo trajeto

Pelo mesmo caminho

Eles sabem o que é

Esses loucos sabem

Do que se trata isso?

Nenhum raio lhe atingiu

Os trabalhadores

Ainda são escravos

Assalariados

E o trabalho precário

Atinge o mundo todo

O esperto e o otário

Pegou o Raimundo...

Também pudera

Ele era professor

Ninguém valorizava

Nem o MEC chegava

A um terço do Brasil

Ficamos sem educação

Eternamente índices

Quase sempre alarmantes

Como trombas de elefantes

Como os bichos-pau

Das florestas, das matas

Das atitudes ingratas

Dos garimpeiros sem alma

Do resto dos índios mortos

A ele nenhum raio atingiu

Até que sua toca explodiu

Não restaram nem os ossos

Nem as mães pegaram filhos

Atentaram contra a tua vida

E tu ainda lambes esta ferida

Maldita.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 28/11/2023)

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