Aos
algozes da mata, às gerações ingratas
Nenhum raio lhe atingiu
Só o sabor do vinho tinto
O gás propulsor do vinil
O óleo que cobriu o abril
Seis animais estão extintos
Grudou piche de petróleo
Nas exóticas tartarugas
Que vão e vêm de África
Pelo mesmo trajeto
Pelo mesmo caminho
Eles sabem o que é
Esses loucos sabem
Do que se trata isso?
Nenhum raio lhe atingiu
Os trabalhadores
Ainda são escravos
Assalariados
E o trabalho precário
Atinge o mundo todo
O esperto e o otário
Pegou o Raimundo...
Também pudera
Ele era professor
Ninguém valorizava
Nem o MEC chegava
A um terço do Brasil
Ficamos sem educação
Eternamente índices
Quase sempre alarmantes
Como trombas de elefantes
Como os bichos-pau
Das florestas, das matas
Das atitudes ingratas
Dos garimpeiros sem alma
Do resto dos índios mortos
A ele nenhum raio atingiu
Até que sua toca explodiu
Não restaram nem os ossos
Nem as mães pegaram filhos
Atentaram contra a tua
vida
E tu ainda lambes esta
ferida
Maldita.
(Cristiano
Jerônimo – 28/11/2023)
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