sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Três tempos


(Nosso livro ATA, Andréa)

 

Quando eram só alcaloides

Sem haver gasolina nem fogo

E, nas tocas do subterrâneo,

Nas vitrines de um bar piano

Te encontrar sorrindo em mim.

 

Agora são mais trocas adultas

Com conversas de crianças

Apaixonadas pela vida

Querendo viver!

No Monte das Tabocas

No Monte Guararapes

Nas Heroínas de Tejucupapo

Na Pedra da Surdina

Nos talhos do Ingá

Tudo esse ‘absurdo’

Vai amar você também.

 

Quando eram só alcaloides

Não gritavam, não ruíam

Não eram tão imperfeitos

Como são as máquinas.

 

Mas o vigor e o jeito de sermos

Permaneceram intactos em nós

O amor, a esperança, a consideração

Coisas incomensuráveis e próprias.

 

O amanhã ficou para depois

Esperamos, ansiosos, o hoje

Que serão os dias aos quais me refiro

Agora antes, no passado,

Já sinto o que é acolher.

Pretérito perfeito.

Presente do futuro,

Do subjuntivo.

Sem tempo, aliás.

 

 

 

(Cristiano Jerônimo – 191120220 – Recife - PE)

 

 

 

 

 

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