quinta-feira, 3 de junho de 2021

Perfeitamente simples



Farofa de raspa de queijo de manteiga

Bode assado pra comer todos os dias

Nos braços de uma moça linda e meiga

No cavalgar de tão distantes romarias.


Queijo de coalho com o melaço da cana

Tem no outro dia um tatu ou um coelho

Quando o fogo sobe labaredas, emanam

Histórias enroladas em linhas de novelos.


Farinha de mandioca na casa de lenha

Goma decantada para as massas fartas

Os homens trabalhando suas resenhas

No alto da serra, alto, no meio da mata.


Bater feijão e peneirar no chão de terra

o vento vai levando a poeira e as pedras

Jerimum de leite, melancia e macaxeira

Cardápios formados ao longo das eras.


Dirigir carro de boi desde a infância tenra

correr riacho com a cheia, a tromba d'água

Carrear os pensamentos no meio da estrada

Analisar o ser que todo mundo olha e pensa.


Dirijo automóveis, vivo de computadores

Do analógico, eu vivo o mundo do digital

Do óptico, magnífico passado, de flores

tudo aquilo que nos proteja do nosso mau.


Sou do mato e esta cidade beija minha boca

encontro abrigo na morada da menina bela

Para construir uma coisa que não é tão pouca

Desenhar o mundo perfeito na tela da aquarela.




(Cristiano Jerônimo - 02.06.2021 - 22h12)

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