terça-feira, 25 de outubro de 2022

Os piratas*


Deita teu corpo cansado

Relaxa que o tempo

Constrói armadilhas

Estranhas

E a vida inventa

Os fantasmas

Que vem lhe assustar.

 

Tenta esquecer a agonia

E a dor do passado

Empilhe as tristezas

Por sobre o costado

E o peso já morto

Atires no mar.

 

E não tenha medo

Das sombras

Porões e cadeias

E o medo das vagas

Imensas

Que envolvem as sereias.

 

Nem as traições e motins

De governos tiranos

Que arrasam os intentos

Nos aprisionam

Aos mastros quebrados

Das embarcações.

 

Sem se abater

Com o estremeço

Das grandes procelas

Da águas das ondas

Quebrando as janelas;

Junte-se aos homens

E cante canções.

 

A honra do sol e do sal

Lavada de sangue

As bússolas

E as cartas rasgadas

E a terra tão longe...

As conchas, os peixes

E polvos são nossas medalhas

E a grande riqueza

Das nossas batalhas

As glórias da vida

Nos fazem cantar.

 


* (Lula Côrtes – 1996)

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