quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Muamba de escravos



Os pinotes dos passarinhos no chão a beliscar

Os bezerros saltitantes tal a nossa alegria

Contentamento de estar vivo, e então...

A natureza age, agiu e no que reage, reagiu

À nossa própria loucura de desmantelar

Como quem corta cabelo no quartel

Num dia de teoria

No outro de tiro ao alvo

Se eu me salvo

Vou a Gorgonha

A flor da helicônia

O fruto proibido

Tão palatável

Ao mesmo tempo

Gosto do pecado

Provável não ser...

Não estar numa realidade

Paralela certa

Nem ficar de boca aberta

Nem vou comprar escravidão

Nem aqui nem na China

Bem longe do Nepal

Sem ser da Índia

Sob os auspícios da América do Norte

Sob a pressão da Coréia do Sul

Neste feriado choveu quatro dias e noites

Eu não comunguei na igreja do homem

Eu me achei me perdendo escapulido

Pelos dedos grandes de mim mesmo

Andando no destino com as rédeas do trilho

Sem apreensão, temor ou mesmo medo,

Entre mortos e feridos, estamos muito vivos.

 

 (Cristiano Jerônimo – 21122022) 

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