terça-feira, 15 de abril de 2025

Androctonus vitae scorpions


Como a sexta-feira cobra de mim,

A segunda-feira cobra também...

A fatura do cartão venceu e ele voou

De manhã, oferecido ele voltou.

 

Porque a vida agora é se endividar

Para depois ter que se virar para pagar.

Trabalha o dia inteiro sem descanso

E na hora de receber foi engano...

 

Como a vida cobra muito de mim,

A morte, soturna, cobra também.

Propaganda chamando o funeral;

A gente comprando um lugar ideal.

 

O espírito e outros sutis anjos e seus

Perguntam-lhe se tu clamas por Deus

Ou se tens duas velas acesas covardes

Até o dia em que tu te arrependeres.

 

Mudança vem com o passar do tempo

E a alegria é um susto intermitente/dia

A tristeza e a solidão desnecessárias,

O julgamento da sociedade sem ressalvas.

 

 (Cristiano Jerônimo – 08.06.2017)

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Dos animados


 

Hakuna Matata

entrou na Caverna

do Dragão

Encontrou

com Mickey Mouse

Pagando de gatão

E viu Robert

Richards

Pediu

Uma tradução.

 

Felícia

Ama os bichos

Só não sabe demonstrar

Como o amigo Lipe

Fazia de tudo

Para Hardy se alegrar.

Uma hiena ao contrário

Tom com a cara de otário

E Zé Buscapé levando grito

O Xodó da Vovó tão esquisito

E Penélope Charmosa a brilhar.

 

Chega! Chega!

Chega de ser bonzinho!

E lá vai o Dick Vigarista

Com seu cachorro rabugento:

Capitão Guapo e Branquinho

Com duas personalidades.

É como a vida,

A corrida é maluca.

 

Muitos seres

Não desistem

De capturar,

Sem motivos,

O safo e veloz

Pombo Gugol.

O cachorro Mutley

Voa e sempre quer

Mais medalhas

Assim é o homem,

Rasga mortalhas.

 

                                                               (Cristiano Jerônimo – 17.11.2006) 

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Outra canção



Guarde o seu toque, baby

quando quiser me acessar.

Se toque, se quiser como

uma mulher de rosa choque.

Uma medida de colher

a dosar outro enfoque.

 

Não tem choque, baby,

Nem nada em particular.

A vida aqui é muito rock

ao ouvir o silêncio dos sons

distorcidos nas florestas

escondidas das civilizações.

 

Eras tu e não eras mais;

a vida que não oferecia paz.

Os sofrimentos não são iguais.

Guarde o seu toque, baby...

O amor é um estado intangível.

Dentro do torpor ininteligível,

a vida sempre traz outra canção.

 

 

(Cristiano Jerônimo Valeriano – 09.04.2025)

domingo, 30 de março de 2025

MCMLXIV - ANISTIA NUNCA MAIS



A aridez das esquinas do povo

Esse olhar velho que é novo

Ninguém consegue explicar

A doçura no rosto dos loucos

Com essa insensatez dos votos

O empilhamento dos corpos

O carro versátil que é moda

A limonada que é essa soda

A música brega que se toca

A frase clássica ao proferir

Dinheiro, às vezes, empobrece

Futuro é estrada sem direção

Aprumados seguem extradição

A mão do pandeiro que desce

A raiz da semente que cresce

Modernos homens da caverna

Arenas vis de Roma e Atenas

País de generalizada baderna

Boas vontades tão pequenas

Iludem os patos da democracia

Nem a força bruta nem canhões

Mas aulas para nossos corações.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 30.03.2025 – Garanhuns/PE)

 

Viver basta


É para deitar o cérebro

num travesseiro

Usar capacete de gelo

Beber água evaporada

Feito um camelo

no meio da estrada

com medo de acabar

Lavar e estender

a alma num varal

Nadar no barco

Ao por do sol de manhã

Ir em pensamento

até a última partícula

sem ponto nem vírgula;

Amada,

Se o amor for maior

Viver basta por si só...

 

(Cristiano Jerônimo – 29.03.2025 – Garanhuns – PE) –

sexta-feira, 21 de março de 2025

Mudanças climáticas



Acostume-se agora...

 

Nesse inverno sem frio

com o verão sem calor

um outono de folhas

primavera sem flor

num viver sem amor

numa era de neblina

de aquarelas sem cor.

 

É que estamos fazendo

a mesma coisa e esperando

resultados diferentes...

tentando salvar emoções

com os dentes

e sonhando que um dia

ficaremos em paz.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 17.03.2025)

domingo, 9 de março de 2025

Quarta-feira de cinzas



Pegue

Mágoas

Pare

O carro

Na ponte

Jogue

Todas

No rio

O sol

Evapora

Decanta

Purifica

Devolve

Limpas

Ao ar...

 

Mergulhe

No sal

Do oceano

Confluente

De águas

Afogue

Mais

Mágoas

Separe

O doce

Do sal

Mais

Amargo

Devolva-o

Ao Mar.

 

(Cristiano Jerônimo – 05.03.2025)

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

As nossas almas



“Sou beija-flor. Beija-flor beijando a Flora.

Sou beija-flor. Dou um beijo e vou me embora”

 

Meu coração tem como segredo,

Um pensamento que te diz respeito

Mensagem dobrada e lacrada

Que nenhuma palavra saberá traduzir.

 

Tu, que cobres de vergonha

A cintilante outrora.

Que forças a tímida aurora

A falar dos teus méritos.

 

Vejo em te rosto

Uma perfeição que, incessantemente,

Se aperfeiçoa, uma modéstia

Que aumenta e se amplia.

 

O fogo interior me consome;

Teu rosto é meu jardim das delícias;

Morro de sede e, no entanto, aí está tua boca

Que poderia me fornecer o remédio da vida.

 

Se não tivesse em meu coração a esperança

De reunir um dia o que está separado

Não teria conservado o desejo

De sobreviver à minha partida.

 

Juro que no meu coração

Não há senão o amor por nós dois

E pode Deus testemunhá-lo,

Pois conheces bem as nossas almas.

 

(Cristiano Jerônimo – 03.02.2025)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Eu faria novamente igual

 


Quiseras fazer-se mais doce

de verdade. mais que a cana

do mel de engenho, da abelha

operária que trabalha e ganha

eu não sirvo para teu destino

também não quero o desatino

de maquiar uma vida em vão

melhor o solo e os pés rachados

que a arrogância dos exaltados

eles não serão os primeiros a ir

nem serão escolhidos a chegar

não olham a ferida dos outros

escondem suas próprias chagas

e quando o dia acaba, só felizes

escondem o medo do amanhã

de acordar e estarem seguros

de novo no escuro pra clarear

quiseras ter o que não tinhas

comigo não se poupam linhas

nem histórias amenas a contar

eu sou o lado do outro e de cá

prefiro defender do que atacar

faria tudo de novo, céu estelar.

 

(CJV – 30012025)

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Querer ou não poder


Nada, para mim, ainda é muito

Tudo agora representa o nada

Muito do que eu não posso ter

Seja por querer e não ter estrada

Lembro quando parecia pouco

Mesmo quando exalava muito

Uma linha fina sempre esticava

Madrugadas curtas eram longas

Dias agitados sem seguro de vida

A idade, o organismo e o cérebro

Nada ainda era muito para mim

Tudo agora representa um nada

Não é que não queira ou é ruim

Mas é que não se pode ser assim

De qualquer maneira sem faróis

Sem retrovisores e os para-brisas

Não existe dirigibilidade de vida

- É muito mais olhar para frente

Sem esquecer o que passa detrás

Humanamente um pouco de gente

Para também se sentir mais capaz.

 

 

 (Cristiano Jerônimo – 28012025)

 

domingo, 19 de janeiro de 2025

Conselheiro


Aos amigos distantes

mando um abraço apertado.

aos inimigos eventuais

lamento estarem doutro lado.

 

Aos parentes mais próximos

muito amor e comunhão.

aos que estão mais longe,

todo o amor do meu coração.

 

Aos parceiros de rapé

vida longa e prosperidade;

aos contrários à maré

oferto a solidariedade.

 

Às autoridades, decência;

compromisso e coerência.

aos oprimidos, a altivez...

o transformar da consciência.

 

 

 

Cristiano Jerônimo – 17.08.13 – Custódia

 Fazenda Serra da Zabumba (Mimoso)

Atestado



A cidadania, a astúcia e a arrogância

A compaixão, o respeito e a nobreza

A inveja, o egoísmo e a ganância

Resignação, otimismo e esperança.

 

O medo, a fé, segredos, Santa Sé

Animais evolutivos, homem, mulher

As chagas do orgulho então queimam

As do amor como bálsamo aliviam.

 

A falta de lógica desta sociedade

A mentira, o disfarce e a verdade.

A luta pela tranquilidade da cidade

E por um grito abafado e popular.

 

A mágoa, a indolência e a escravidão

Superam os muros destas senzalas.

Estão aí pelas casas, chicotes na mão

Alguma forma de tentar capturá-las.

 

O sonho, a utopia, e o propósito

Ferramentas para a supremacia

E, com elas, um alto desempenho

Para se obter o atestado de óbito.

 

 

(Cristiano Jerônimo – 17.03.2017)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Caminho guardado



Os psicotrópicos,

a contradição.

Esses propósitos

uma outra ação

positiva!

Altiva,

uma alternativa,

uma solução.

 

Para que

as partes vivas

sejam positivas

tipo uma canção.

Para que

os sonhos ruins

não venham mais;

E que o coração

encontre a paz.

 

Os hipnóticos,

os anestésicos,

as dores estéreis

e as cicatrizes

de Helena...

Sempre flertando

com a papoula

da ilusão.

Que pena...

 

Os escritos

seculares,

os livros mais sagrados;

os alimentam de coragem

para trilhar essa estrada

para chegar a um lugar

tão difícil de encontrar.

Mas que está guardado lá!

 

(Cristiano Jerônimo – 12012025)

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Como a arte, devoro a ciência


Eu pinto com as palavras faladas também

Escrevo minhas crianças e a cigana vem.

Vem sem eu chamar e a recebo feliz;

Falo com ela de todos os medos que passei.

 

Não consigo viver longe do mar. E sou do sertão.

Não sei se vá, mas não dá não para andar na contramão

Acelerado e de boa, vamos conseguindo rir à toa.

Mudando as faces que borram a imagem do nosso grotão.

 

Todas as ametistas e quartzos, Deus e o cão ---.

São apenas opções que tomaram meus irmãos.

E eu respeitei... Um a um... E, no mínimo, rezei.

Hoje, sei por que preciso mergulhar e sentir-me água.

 

Como parte de ti, mãe-poderosa, guia em mulher

Que me aparece e me ajuda como uma bela estrada.

E eu falo com as palavras pintadas também

Porque somos cores, perspectiva e, às vezes, nada.

 

Como a arte, devoro a ciência...

 


(Cristiano Jerônimo – 02.06.2014)







 

Fogo e parabelo – Vitória do amor


Quanto mais ele foge ao seu longe

Mais longe é condenado à espera...

Evoluindo a nada do que foi ontem,

Correndo na vida entre outras feras.


Vive mais na morte e na guerra,

Que a maioria prefere ignorar...

Nos programas policiais enterram

Uma vida feita para morrer ou matar.

 

Exorcize! Desobsedie! Faça o simples brilhar.

E a relva deste pasto semiárido matará

A fome do teu gado, dos bichos, do legado...

(As famílias vieram, mesmo, do cheiro de mato).

 

E ele corre, em seu alcance, rumo a sua rendição;

Descobre no amor o porquê desta nova missão

De enfrentar tempos difíceis de se cumprir

Com a certeza exata para onde deve seguir.

 

E o que era violência e curiosidade ao mal

Deixa de se tornar algo “engraçado e banal”.

Quando aplicamos o saber por que isso acontece.

(E quando falta educação, a criminalidade cresce).

 

 

Cristiano Jerônimo – Custódia – 23.12.2009

Androctonus vitae scorpions

Como a sexta-feira cobra de mim, A segunda-feira cobra também... A fatura do cartão venceu e ele voou De manhã, oferecido ele voltou. ...