Depois que proibiram a tristeza de ser triste
A felicidade
tornou-se mais difícil de alcançar
Além de
definida e estudada,
É obrigatório
na escola da vida.
Então, ser
feliz ficou sendo o que se aparenta
Na escola,
na igreja ou no mercado
Ah, essa
positividade é tóxica;
Força a gente
a forjarmos falsidade.
Foi numa
multinacional que me perdi
Sucesso:
promoções, viagens, bônus…
A cabeça “atrofiava”
e a grana aumentava
Todo esse
conteúdo me deixou vazio
Eu buscava
sentido naquilo e não achava
Era muito
pouco para uma alma que existia
Fiz voluntariado
na espiritualidade
Investi em
projetos paralelos e cases de arte.
Mas
faltavam propósito e bem-estar, o bem
nas
relações humanas... Eu via e sentia o nada
Faltava a
fé que poderia apontar o significado
Da vida,
da morte, da sorte, do meio do espaço
Por bem,
havia uma conexão com a natureza,
com a
coletividade e uma causa para os dias
Eu vi que a
felicidade é uma combinação
entre
alegria, satisfação e significado de vida.
Mas lá
estava o piloto automático da sobrevivência
Redes
sociais e necessidade de dopamina automática
De uma gratificação
instantânea
numa
sociedade impaciente e ansiosa
Sempre em
busca de mais estímulo
e cada vez
menos satisfeita
Ávida por pequenas
doses de prazer:
likes,
séries, compras, vídeos curtos e streamings.
E havia
sempre uma sensação de cansaço, vazio e tristeza crônica
Diante da ditadura
da felicidade, sem poder ficar triste, com raiva
Mesmo frustrado
com aquele programa de sol que choveu errado
A dor
anestesiada anestesia a alegria genuína do prazer e desafios
Não
devemos invalidar a dor; a nossa dor ou a dor do outro próximo
Muita
gente está exausta de tentar performar felicidade o tempo todo
Mais conectados,
menos acompanhados, numa rede de solitários
Quem se
acostumou a viver sozinho, ser forte o tempo todo tem um preço.
Deixei o trabalho mesmo havendo boletos, filhos, insegurança e cartão
E me
protegi criando a minha bolha de autocuidado e rede de proteção
Não fui
fraco por estar cansado. Pelo contrário, fui muito forte por resistir
Lembrei do
Grupo de Hábitos Saudáveis do psicólogo cabeludo do agreste
Nossos Z’s
querem mudar o mundo e não podem ficar paralisados
Dizem que
dá até para ser feliz a vida inteira sem mesmo pestanejar
Felicidade
plena não é a ausência de dor, mas a presença de sentido
Viver boas
relações com as coisas que mais nos façam avançar.
(Cristiano Jerônimo – 25.08.2025)
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