sábado, 15 de novembro de 2025

Guerrilheiro camponês

 


As pisadas firmes

das alpercatas do meu pai,

nas terras herdadas dos seus ancestrais

no meu sertão que sofre muito e vive em paz.

 

Nas estradas infinitas eternizadas pelas memórias.

Pelas histórias de cada olhar pitoresco e a menina bonita

Que beijava a minha boca com seu suave gosto de favo de mel.

 

Nas veredas, pisadas de cavalos, de carros-de-boi socando a terra

Nas estradas onde a mata se recompôs, ele não viu o tempo passar a era

Também não contemplou a geografia infinita do universo eternamente quântico.

 

Viciado em dinheiro que até dá pânico, está sem os olhos abertos

Não sabe ao certo o que é errado ou o que é mais correto.

Amplidões com o medo absurdo do que já passou.

 

Eu colhi algodão; o besouro barbeiro acabou.

Eu fiz plantio de cana e a seca secou

Eu quis entrar num grande pranto

Mas meu olho não entrou

No turvo poço de lágrimas

Como as águas salobras

Que aos meus olhos

Reservaram-se

Para nós.

 

Combato aqui com o trovão

Foice e martelo na mão!

Porque sou camponês

Guerreiro de coração.

 

(Cristiano Jerônimo – 22012020)

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