Aquela locomotiva
beirando a estrada
em toda a tentativa
não dava em nada.
Como resistência
tal luta de classe
progresso, ciência
mundo de falácias.
Descobrir a verdade
é dificultado por eles
os seus olhos verdes
não pertencem a eles.
Aquele avião no alto
foi ouvido no sertão
cruzou todo os céus
e nada de explicação.
Um rastro de fumaça
poluía nossas nuvens
na seca; as carcaças
ficaram no seu dilúvio.
Ficaram sequeladas
as crianças do grotão
as mãos estropiadas
num tórrido seco chão.
Mas vai trovoar e chuva
os trovões anunciam
os relâmpagos clareiam
os animais entram no cio.
E a natureza morta vive
renasce a cada chuva
hiberna a cada verão
seca mais ávida assola
espera-se o tambor encher
não perdemos o bom tom
com a garra dos mouros
fazemos jus à toda honra
nossa carne, o filé e o osso.
Aquela locomotiva
beirando a estrada
em toda a tentativa
não levava a nada
mudamos o rumo
o mar muda em segundos
o mar é mesmo outro mundo,
onde podemos navegar.
(Cristiano
Jerônimo – 11102021)
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