segunda-feira, 11 de outubro de 2021

À toda honra


 

Aquela locomotiva

beirando a estrada

em toda a tentativa

não dava em nada.

 

Como resistência

tal luta de classe

progresso, ciência

mundo de falácias.




Descobrir a verdade

é dificultado por eles

os seus olhos verdes

não pertencem a eles.

 

Aquele avião no alto

foi ouvido no sertão

cruzou todo os céus

e nada de explicação.

 

Um rastro de fumaça

poluía nossas nuvens

na seca; as carcaças

ficaram no seu dilúvio.


Ficaram sequeladas

as crianças do grotão

as mãos estropiadas

num tórrido seco chão.

 

Mas vai trovoar e chuva

os trovões anunciam

os relâmpagos clareiam

os animais entram no cio.


 

E a natureza morta vive

renasce a cada chuva

hiberna a cada verão

seca mais ávida assola

espera-se o tambor encher

não perdemos o bom tom

com a garra dos mouros

fazemos jus à toda honra

nossa carne, o filé e o osso.

 

Aquela locomotiva

beirando a estrada

em toda a tentativa

não levava a nada

mudamos o rumo

o mar muda em segundos

o mar é mesmo outro mundo,

onde podemos navegar.

 


(Cristiano Jerônimo – 11102021)





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