domingo, 27 de abril de 2025

Os mouros do sertão


Eu sou do solo do pé rachado.

Onde hidratante não dá jeito.

Sou pé trincado do próprio solo;

Do colo da flor que brota no leito.

Nos braços de um inóspito mandacaru.

Meu semblante encarquilhado

Pelo sol todo queimado, o crivo.

E a certeza de que serei iluminado

Neste bioma encantado e tão vivo.

Nos braços de um inóspito mandacaru.

Repito, de onde venho, cachoeiras

São de vento, poeira, pedra e sal.

Ainda temos a beleza que queiras

Seres do bem que combatem o mal.

Nos braços de um inóspito mandacaru.

Sou sertanejo culto e rude à injustiça

Sou descendente de camponeses

Sou de uma linhagem de holandeses

Misturado com os mouros do sertão.

Na sombra de um grande Tamboril;

Matando a sede sob um bom umbuzeiro

Comendo rapadura debaixo de um juazeiro

A raspa de queijo de manteiga e a farofa;

O Sertão é lindo, mesmo com a seca que assola.


 

(Cristiano Jerônimo – 27.04.2025)

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